sexta-feira, 24 de junho de 2011

Vamos dançar?


Dinho é o sujeito que toda mulher amaria ter como marido. Faz tudo que um chefe de família precisa fazer, e muito mais. Paga as contas, vai ao supermercado, cuida dos filhos nas crises de choro em plena madrugada, inclusive paga os carnês das mal planejadas compras efetuadas pela mulher Cacilda. Sua única exigência é o cuidado que deve ser dado às suas roupas de final de semana – sua calça branca deve estar impecavelmente passada, a camisa bem engomada com o colarinho duro como uma taboa, e os sapatos bem engraxados, esta ultima tarefa realizada pelo Marinho, seu filho mais novo que sempre cobra pelo serviço – algumas balas Juquinha apenas. Dinho também leva o Marinho aos domingos pela manhã no bar do Magrão para tomar sorvetes.
Nas noites de sexta a domingo, Dinho poderá ser encontrado no Bailão, geralmente acompanhado da mulher. Mas vez ou outra, a sogra com alguma desculpa esfarrapada recusa-se a ficar com as crianças, e ele acaba indo sozinho ao baile para alegria das dançarinas colegas do bairro. O tal não nega fogo, é um pé de valsa daqueles e não perde uma música. Mesmo nos intervalos quando os músicos descansam, lá vai o Dinho ao som da vitrola deslizando pelo salão.
O Menezes passa a noite inteira sentado em uma cadeira derrubando uma cerveja atrás da outra, enquanto sua mulher, ao seu lado, balança as cadeiras e ensaia sozinha alguns passos. Se porventura algum cavalheiro se aproxima para convidá-la, ela vira-se de costas para evitar cenas de ciúmes do marido.
Carlão que diz à mulher que está freqüentando reuniões dos alcoólatras anônimos, está sempre no Bailão em companhia da Dorinha. Ela sai de casa com uma bíblia e diz ao feroz marido que vai ao culto interceder pela família, inclusive arrisca-se e insiste para que ele a acompanhe.
Martinha então contraria os princípios da dança, muito embora tenha freqüentado a escola de danças do professor Paulino, não aceita, em hipótese alguma, que seja comandada pelo cavalheiro. Quem dançar com ela terá que ceder aos seus caprichos e aceitar seu estilo, sob pena de ser abandonado em pleno salão.
Além de muitos outros dançarinos e pés de chumbo, mas todos com o objetivo de alegrar-se na arte da dança de salão.

-o-

A canção a seguir foi um dos temas de um filme que assisti há alguns dias, sua história é maravilhosa, chama-se -  “Minha Vida sem Mim.”
Ela levou-me de volta aos meus dezessete / vinte anos, época dos bailinhos de sábado à noite nas casas de amigos. Em toda seleção de músicas lentas, aquelas de dançar coladinhos, esta canção não podia faltar.
Íamos com nossas camisas coloridas e calças boca-de-sino, e as meninas com seus vestidões rodados, sapatinho baixo e meias brancas dobradas sobre o tornozelo...quantas saudades...era tão bom...tão bom...




sexta-feira, 17 de junho de 2011

Conhece a Ratolândia?


Era uma vez no país dos ratos...

Esta é a história de um país chamado Ratolândia.
Ratolândia era um lugar onde todos os ratinhos viviam e brincavam, onde viviam e morriam, e eles viviam da mesma maneira que todos nós.
Também tinham um parlamento, a cada quatro anos havia eleições, e sempre caminhavam rumo às urnas e votavam. Alguns até apanhavam caminhões para votar, cedidos graciosamente, na verdade era uma grande aventura que tinham a cada quatro anos, tal como você e eu.
E a cada dia de eleições, todos os ratinhos habituaram-se a ir às urnas e elegiam um Governo, um governo formado por enormes e gordos gatos negros.
Mas agora, se pensas que é estranho que ratos elejam um governo de gatos, é interessante que olhemos a história de alguns países, e então verás que os ratos talvez não sejam tão estúpidos, e eu não estou a dizer nada contra os gatos.
Eles até eram bons rapazes, eles conduziam o governo com dignidade, aprovavam boas leis, leis que eram boas para os gatos. Mas estas leis que eram boas para os gatos, não eram muito boas para os ratos, uma das leis dizia:
- Que a porta da casa dos ratos, tinha que ter um tamanho suficiente, para que lá coubesse a pata de um gato.
Outra lei dizia:
- Que os ratos só podiam caminhar a uma certa velocidade, para que um gato conseguisse seu almoço, sem muito esforço físico.
Todas essas leis eram muito boas para gatos, porém muito duras para os ratinhos.
E a vida dos ratos era cada vez mais e mais difícil.
E quando os ratos já não suportavam mais, decidiram que alguma coisa tinha que ser feita, e foram em massa às urnas. Votaram contra os gatos negros.
Elegeram GATOS BRANCOS!
Os gatos brancos tinham feito uma campanha genial, disseram:
- O que a Ratolândia precisa é de mais visão. O problema da Ratolândia, são as pequenas entradas redondas das casas dos ratos. Se vocês nos elegerem, faremos entradas quadradas, mais amplas.
E assim fizeram.
As entradas quadradas ficaram com o dobro do tamanho das redondas – agora os gatos podiam colocar lá as duas patas, e a vida ficou ainda mais dura.
E quando não podiam suportar mais, votaram contra os gatos brancos, e puseram lá de novo os gatos negros, para quase que imediatamente regressarem aos gatos brancos, e depois novamente os gatos negros.
Até tentaram com gato metade negro e metade branco, e chamaram a isso - “Coligação.”
Tentaram também um governo com gatos malhados, eram gatos que tentavam falar como ratos, mas comiam como gatos.
Como você está vendo, o problema não estava na cor dos gatos, o problema estava no fato de serem gatos! E porque eram gatos, eles naturalmente defendiam os interesses dos gatos, e não dos ratos.
Finalmente chegou de longe um pequeno ratinho, muito inteligente, e que tinha uma idéia para solucionar todo aquele problema.
- Meus amigos – disseram os ratos – estejam atentos ao companheiro que possui uma idéia.
E ele disse à multidão de ratinhos:
- Vejam amigos, porque continuamos a eleger um governo maioritário de gatos? Porque não elegemos um governo com maioria de ratos?
- OHHH – disseram – ÉS UM COMUNISTA! CHAMEMOS OS GATOS!!!
E assim por ser muito inteligente e capaz, o colocaram na prisão.
Finalizando, desejo recordá-los que - “Podem encarcerar um rato ou um homem, mas não podem encarcerar uma idéia.”
Tommy C.Douglas
(1904 – 1986)

Tudo que é preciso para o triunfo do mal, é que as pessoas de bem nada façam.”


sábado, 11 de junho de 2011

Que situação incômoda!


Familiares, vizinhos, amigos, ninguém, absolutamente ninguém estranhou quando Sinval separou-se da Lindalva, após um casamento de vinte e cinco anos.  Com a família já constituída, filhos casados, casa própria que ficou para a mulher, interessante que se diga também, após o casamento Lindalva cursou duas faculdades, a de jornalismo e outra de psicologia, enfim, não haveria dificuldades nessa separação. A relação entre os dois esfriara muito, desde que Sinval soubera da traição da mulher com um fortão da vizinhança, um escândalo na ocasião, mas que Sinval deixou pra lá pelo bem da família. Dormiam em quartos separados desde então.  
- Sinval, é absolutamente inaceitável uma coisa dessas – indignou-se Lindalva na imensa casa de Sinval – que você me abandonasse pra ficar com uma mulher tudo bem, eu até aceitava, mas arrumar um marido, o que significa isso? Nunca notei que você possuía essa tendência, que fosse um desses...
- Ôpa, ôpa, vê lá o que você vai falar, não venha com paus e pedras – respondeu Sinval encostando-se na parede – não é o que você está imaginando.
- Como não é? Você de caso com um homem, e nessa idade! Você não passa de um sujo, tratante, desprovido de qualquer decência ou caráter, estúpido e desprezível.
- Eu posso explicar, se você se acalmar eu explico tudo.
- Não tem explicação Sinval, você ao menos imagina o que eu e nossos filhos estamos passando? Você tem idéia do constrangimento terrível que estamos sofrendo com a família, vizinhos, amigos, pelo fato de você estar vivendo nesta casa com um homem? Você tem idéia?
- Lindalva, nem eu, nem você e nossos filhos, precisam dar satisfações a quem quer que seja, estou vivendo de forma honesta e correta?
- Correta? Você chama isso de vida correta? Dá licença!
- Olha, é o seguinte, sente-se que explico tudo.
- Lindalva, após alguns meses da nossa separação perdi o emprego. Foram dias terríveis. Uma noite recebo uma ligação do Arnaldo, amigo de infância e atualmente um advogado conceituado e muito atuante. Encontramo-nos em um bar para bebermos alguma coisa, foi quando lhe contei a respeito da minha crítica situação financeira, inclusive sobre a ameaça de despejo. Separado também e sem ninguém para cuidar desta casa, Arnaldo disse-me que necessitava de um secretário e pediu-me que fosse morar com ele, em troca me daria um excelente salário. Aqui estou portanto, cuido da casa, oriento os empregados, faço compras, pago as contas, cuido da sua roupa e agenda, tenho meu quarto e minha televisão, entendeu?
- Mesmo assim Sinval, é algo extremamente difícil de se aceitar e explicar aos outros, me desculpe mesmo!
- Lindalva, se a sua preocupação é a de que mantemos contato sexual pode ficar tranqüila, jamais aconteceu e nem acontecerá, Arnaldo é um mulherengão de mão cheia e você me conhece muito bem, sou chegado numa gostosa, principalmente se for coxuda.
- Não sei Sinval, vai ser difícil me convencer. – respondeu Lindalva balançando a cabeça.
- Lindalva – retruca Sinval já um tanto irritado - pra liquidarmos essa conversa de uma vez por todas. A pensão e o convênio médico que te pago, teu cartão de crédito, presentes para os filhos e netos, roupas pra você, tudo isso sai do salário que recebo do Arnaldo – tá bom ou quer mais?
Lindalva não falou mais nada, apenas retirou-se de cabeça baixa...
                                                  
                                                    -0-

Meu povo, este site http://desaparecidas-ajude.blogspot.com/ realiza um trabalho maravilhoso em prol de várias campanhas, e o resultado depende da boa divulgação.
Quem puder visitá-lo e conhecê-lo, agradecemos.
                                                 




sábado, 4 de junho de 2011

Salão do Mazinho


O salão do Mazinho é um daqueles lugares agradáveis e que atrai muitos homens, principalmente aos sábados. O silêncio no local é algo inexistente, improvável, e justifica-se, Mazinho é um apaixonado em contar “causos” e piadas. De estrutura simples, possui apenas uma cadeira para o exercício da profissão. Mazinho é um barbeiro das antigas, ainda usa a toalhinha quente para amaciar a barba.
Hoje o salão encontra-se lotado, tem gente saindo pelo ladrão, lá estão o Pernambuco, o Jabuti - assim chamado devido sua baixa estatura e também por ser gordinho, praticamente sem pescoço e com as pernas curtas, o Romeu, o Tigrão, o Biguá, o Cruz-Credo - fanático corintiano, e o Ferreirinha -  o mentiroso da turma.
Não é raro aparecer cliente e desistir da empreitada em virtude da quantidade de pessoas no salão, no que imediatamente alerta o Mazinho:
         - Amigo, pode chegar, desse pessoal todo só dois vão cortar, o resto tá aqui só prá encher o saco!
         - Tigrão – berra o Jabuti – Na primeira vez que você fez amor, o que tua namorada disse?
         - Bééééé....bééééé – responde o cínico!
         Uma piada aqui, outra ali, até que uma ladainha surge em frente à barbearia – é um Préstito Religioso – a popular procissão.
         - Ohhhhh Virgem Maaaaria....
         O Biguá não resiste e dispara em direção à procissão:
         - Todo mundo aí vai pro céu, viu!
         - Devagar com o andor que o santo é de barro!
         Risos aqui e ali quando o Cruz-Credo sussurra que o certo era cantar assim:
         - Ohhh Virgem Maaaaria, queeee bicho queeee deu?
         - Aaaaave, aaaave, aaaavestruz, aaaaave, aaaave, aveeestruz.
         Se o salão do Mazinho não é bem alicerçado, acredito que o mesmo poderia ter desmoronado tal a algazarra que se fez.
         - Isso não é nada – começou o mentiroso do Ferreirinha – numa procissão dessas daí uma beata tropeçou e encostou a vela no traseiro da beata que tava  na frente, queimando aquela parte todinha. A colega que estava ao lado presenciou horrorizada a cena. Avisou a companheira na mesma cantoria:
         - Comadre Maaaria, tua bunda está deeeee fora!
         E a procissão respondeu em coro:
         - Isto é uma veeeergonha, praaaa Nossa Seeeenhora.
         Risos, chutes na parede, o Jabuti sentado dava tapas no joelho e sacudia as perninhas, o Romeu engasgou e o Tigrão chorava.
         - Olha essa barulheira aí seus desocupados – grita a Rosa da sacada de sua casa sobre o salão, uma sessentona que segundo a vizinhança ainda é virgem – Estou com meu noivo em casa, faz favor!!!
- Eh Mazinho – provoca o Pernambuco dando uma piscadela - manda aquela do papagaio perneta!


sexta-feira, 3 de junho de 2011

Votação


Gente, a Mazé do blogue http://umpensamentovirtual.blogspot.com/ está necessitando de votos. Quem puder ajudá-la acessar http://dado.pag.zip.net/ . No quadro central  rolem até o Confronto 6 e cliquem no nome da Mazé.
Muito grato a todos.



sábado, 28 de maio de 2011

O escorpião e o sapo


         O sapo dormia nas águas calmas da margem do rio quando foi acordado pelo escorpião.

         - Amigo sapo – a voz doce do peçonhento não combinava com sua fama – eu preciso atravessar o rio e não sei nadar. Você não faria o favor de me levar nas tuas costas até a outra margem?

         - Eu hein? – reagiu o sapo – Quem garante que você não vai me ferroar?

         - Sua desconfiança não tem lógica – argumentou o escorpião – Se eu picá-lo, vamos morrer os dois.

         Cedendo aos argumentos do escorpião, o sapo concordou em levá-lo nas costas até a outra margem. Mal deu algumas braçadas, sentiu a dor mortal da ferroada venenosa na cabeça. Moribundo, dirigiu-se ao escorpião:

         - Malvado, por que fez isso? Você prometeu, agora morreremos os dois.

         - Desculpe amigo, não pude evitar. É a minha natureza...

(contada por meu avô na minha infância)


sábado, 21 de maio de 2011

A barriguda e as lavadeiras


         - Eu quero saber quem lhe encheu o bandulho! Diga ou quebro-lhe os ossos!
         - Então Joana, diz logo quem foi...é melhor! Aconselhou a Cleusona.
         Fez-se em torno da moleca um silêncio cheio de curiosidade.
         - Estão vendo! – exclamou a mãe - Não responde essa vira-lata, mas esperem que eu lhes mostro se ela fala ou não!
         As lavadeiras tiveram que tirar-lhe das mãos o cacete, porque a velha queria crescer de novo para a filha.
         - Foi seu Batista – disse ela chorando e cobrindo o rosto com o vestido.
         - O Batista?
         - O vendedor do armazém?
         - Ah, foi aquele cara de bode? – gritou a mãe – Vem cá!
         E agarrando a filha pela mão, arrastou-a até a venda.
         As lavadeiras acompanharam-na ruidosamente.
         A mãe na frente do grande grupo e sem largar o braço da filha que a seguia como um animal puxado pela coleira, ao chegar à porta da venda berrou:
         - Ó Seu João Manoel!
         - Que temos lá? – perguntou de dentro do armazém o vendeiro, atrapalhado pelo serviço.
         - Venho entregar-lhe esta perdida! Seu vendedor a cobriu, deve tomar conta dela.
         - Hein? Mas o que é isso?
         - Foi o Batista - gritaram as lavadeiras.
         - Ó Seu Batista!
         O vendedor respondeu com uma voz de bandido: “Senhor?”
         - Chegue aqui!
         E o criminoso apresentou-se branco como a morte.
         - Que fez o senhor com esta pequena?
         - Não fiz nada não senhor!
         - Foi ele sim! – desmentiu a Joana – Um dia de manhãzinha no capinzal, debaixo da mangueira!
         O mulherio não resistiu e recebeu as palavras com um coro de gargalhadas.
         - Então o senhor anda por aqui a fazer conquistas, hein? – vociferou o patrão balançando a cabeça – Muito bem! Pois agora é tomar conta da guria, e como não gosto de funcionários amigados, pode procurar trabalho em outro lugar.
         Batista não respondeu patavina, abaixou o rosto e retirou-se lentamente.
         Principiaram os comentários, os juízos pró e contra o vendedor, fizeram-se profecias.
         Entretanto a mãe, sem largar a filha, invadira a casa de João Manoel e perseguia o Batista, que preparava já a sua trouxa.
         - Então? – perguntou-lhe – Que tenciona fazer?
         - Vamos! Vamos! Fale! Desembuche!
         - Ora, vá se danar – resmungou o vendedor, agora vermelho de cólera.
         - Vá se danar não senhor! Você há de se casar, ela é de menor!
         - Batista soltou um palavrão enfurecendo a velha, que imediatamente dirigiu-se às lavadeiras:
         - O cara de bode diz que não casa!
         A mulherada reuniu-se de novo, agora agitadas por uma grande indignação.
         - Como não casa!
         - Era só o que faltava!
         - Tem graça!
         - Então ninguém mais pode contar com a honra de sua filha?
         - Se não queria casar por que a emprenhou?
         - Quem não pode não inventa modas!
         - Ou ele casa ou sai daqui com os ossos quebrados!
         - Cleusona! Toma cuidado que o patife não saia por aí!
         - Mas onde está esse ordinário?
         - Saia o canalha!
         - Está fazendo a trouxa!
         - Quer escapar!
         - Por que não fez isso com a tua irmã?
         - Safado!
         - Cachorro!
         - Não deixa sair!
         - Chama a polícia!
         À vista de toda essa agitação o vendeiro foi ter com o Batista:
         - Não saia agora - ordenou-lhe - Fique por enquanto, logo mais lhe direi o que fazer.
         E chegando a uma das portas do armazém gritou:
         - Vão embora. Não quero barulho aqui!
         - Pois então o homem que case – gritaram as lavadeiras.
         - Ou então dê-nos o patife!
         - Fugir é que não!
         - Vamos! Vamos! Volte cada uma para sua obrigação que eu não posso perder tempo – retrucou o vendeiro.
         - Traga-nos então o homem! – exigiu a mãe.
         - Venha o homem! – acompanhou o coro.
         - É preciso dar-lhe uma lição!
         - O rapaz casa! – disse o vendeiro com ar sisudo – Vão descansadas, respondo por ele ou pelo dinheiro que a pequena irá precisar.
         Essas palavras apaziguaram os ânimos e o grupo de lavadeiras aliviou.
         Enquanto isso, sem dar satisfações ao vendeiro, Batista escapava por uma janela aos fundos do armazém, ganhava uma rua paralela e dirigia-se em disparada à Estação Ferroviária da pequena cidade...